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Jeová, o deus guerreiro
Sim, um deus de guerra, era assim que os antigos hebreus entendiam seu deus primitivo, Jeová.
Essa visão de entender os deuses(Elohim) como verdadeiros varões de guerra, não era exclusividade dos hebreus, os povos antigos, em geral, os viam assim.
Aqueles tempos eram difíceis, e os povos viviam em pé de guerra a todo tempo. Os povos batalhavam por novas terras, mulheres, animais, ouro, prata e outras coisas. Essas necessidades obrigavam-nos a ser o que eram.
Em meio a essa realidade, como aquelas pessoas viviam num mundo onde os deuses estavam presentes em tudo que faziam, passaram a entender seus deuses como verdadeiros reis e generais de guerra. Acreditavam que, quando em guerra, seus deuses lutavam(pelejavam) ao seu lado contra seus inimigos.
Suas vitórias não eram creditadas como realizações de suas próprias capacidades, mas tão somente dos deuses que estiveram ao seu lado no campo de batalha.
“Então os líderes dos filisteus se reuniram para oferecer um grande sacrifício a seu deus Dagom e para festejar, comemorando: O nosso deus entregou o nosso inimigo Sansão em nossas mãos. Quando o povo o viu, louvou o seu deus: O nosso deus nos entregou o nosso inimigo, o devastador da nossa terra, aquele que multiplicava os nossos mortos.” Juízes 16:23,24
“Lutai, Senhor, contra os que me atacam; combatei meus adversários. Toma os escudos, o grande e o pequeno; levanta-te e vem socorrer-me. Empunha a lança e o machado de guerra contra os meus perseguidores.” Salmos 35:1-3
“O Senhor pelejará por vós, e vós vos calareis.” Êxodo 14:14
“(...)tu, ó Deus, que não saíste com os nossos exércitos? Salmos 60:10
“Porventura não nos rejeitaste, ó Deus? Não sais, ó Deus, com os nossos exércitos. Dá-nos auxílio contra o adversário, pois vão é o socorro da parte do homem. Em Deus faremos proezas; porque é ele quem calcará aos pés os nossos inimigos.” Salmos 108:11-13
“No dia seguinte, os filisteus, ao virem para despojar os mortos, encontraram os corpos de Saul e dos filhos no monte Gilboa. Cortaram a cabeça a Saul, tiraram-lhe as armas e anunciaram isso nos templos dos seus deuses e ao seu povo por toda aterra.” 1 Samuel 31:8
“Fujamos da face de Israel, porque o Senhor por eles peleja contra os egípcios.” Êxodo 14:25
“Bendito seja o Senhor, meu rochedo, que adestra minhas mãos para o combate, meus dedos para a guerra(...)” Salmos 144:1
"Em breve abateria os seus inimigos, e viraria a minha mão contra os seus adversários." Salmos 81:14
"Com a tua própria mão expulsaste as nações para estabelecer os nossos antepassados; arruinaste povos e fizeste prosperar os nossos antepassados. Não foi pela espada que conquistaram a terra, nem pela força do braço que alcançaram a vitória; foi pela tua mão direita, pelo teu braço, e pela luz do teu rosto, por causa do teu amor para com eles. És tu, meu Rei e meu Deus! Tu decretas vitórias para Jacó! Contigo pomos em fuga os nossos adversários; pelo teu nome pisoteamos os que nos atacam. Não confio em meu arco, minha espada não me concede a vitória; mas tu nos concedes a vitória sobre os nossos adversários e humilhas os que nos odeiam." Salmos 44:2-7
Quando perdiam suas pelejas ou batalhas, comumente atribuíam suas derrotas ao desfavor de seus deuses. Achavam que eles os abandonara. Esse sentimento diante da derrota era compartilhado por todos os povos.
"Mas agora nos rejeitaste e nos humilhaste; já não sais com os nossos exércitos. Diante dos nossos adversários fizeste-nos bater em retirada, e os que nos odeiam nos saquearam." Salmos 44:9,10
Num mundo em que as guerras estavam por todos os lados, não era interessante que se adorasse um deus que se dizia de paz e misericordioso. Não havia espaço para um deus assim. Os deuses tinham que ser implacáveis com seus inimigos, tinham que ser cruéis, assassinos e sanguinários. Benevolência e misericórdia não impunham respeito e muito menos eram qualidades pelas quais os reis e seus deuses queriam tê-las, elas representavam qualidades indesejáveis e próprias de fracos!
Os deuses assim como o povo que os representava tinham que se mostrar fortes e terríveis não só no modo em que agiam, mas também em seu aspecto físico. O uso da força era a única coisa que os povos antigos respeitavam.
“Se você disser no coração: Estas nações são mais numerosas do que nós. Como poderei expulsá-las?, não tenha medo delas. Você deve se lembrar do que Jeová, seu Deus, fez a Faraó e a todo o Egito, os grandes julgamentos que os seus olhos viram, os sinais, os milagres, a mão poderosa e o braço estendido com que Jeová, seu Deus, o tirou de lá. Isso é o que Jeová, seu Deus, fará a todos os povos dos quais você tem medo. Jeová, seu Deus, trará sobre eles o sentimento de desânimo, até morrerem os que restarem e os que se esconderem de você. Não fique apavorado por causa deles, pois Jeová, seu Deus, um Deus grande e que inspira temor, está com você.” Deuteronômio 7:17-21
Os deuses adorados pelos povos antigos eram muitas vezes uma mistura de homem com alguma fera temida, quando não, uma fera em sua inteireza. E ainda que esses povos não os representassem por meio de ídolos ou estátuas, em seu imaginário, seus deuses tinham características que lembravam algum animal feroz e muito temido.
“Ele vem com o estrondo do trovão, rodeado de um fogo destruidor. Uma grande tempestade ruge ao seu redor.” Salmos 50:3
“Vejam! De longe vem o Nome do Senhor, com sua ira em chamas, e densas nuvens de fumaça; seus lábios estão cheios de ira, e sua língua é fogo consumidor. Seu sopro é como uma torrente impetuosa, que sobe até o pescoço. Ele faz sacudir as nações na peneira da destruição; ele coloca na boca dos povos um freio que os desencaminha.” Isaías 30:27,28
“Na minha angústia, clamei ao Senhor; clamei ao meu Deus. Do seu templo ele ouviu a minha voz; o meu grito de socorro chegou aos seus ouvidos. A terra abalou-se e tremeu, os alicerces dos céus estremeceram; tremeram porque ele estava irado. Das suas narinas saiu fumaça; da sua boca saiu fogo consumidor; dele saíram brasas vivas e flamejantes. Ele abriu os céus e desceu; nuvens escuras estavam debaixo dos seus pés. Pôs as trevas ao seu redor; das densas nuvens de chuva fez o seu abrigo. Do brilho da sua presença flamejavam carvões em brasa.” 2Samauel 22:7-10,12,13
O deus hebreu em tempos passados fora representado por um touro. Foram encontrados por arqueólogos objetos com gravuras onde apareciam um ser com corpo de homem e face de touro e abaixo inscrições antigas com as iniciais YHVH. Os estudiosos concluíram que os antigos hebreus antes de adotarem o monoteísmo, teriam feito uso de imagens que representavam o deus que mais tarde assumiria o posto de deus único.
Como os hebreus viam seu deus
É por isso que vemos, no velho testamento, o deus hebreu sendo chamado de Jeová dos exércitos.
Os escritores bíblicos o chamam comumente de “pessoa varonil de guerra”.
“Ó Senhor Deus dos Exércitos, até quando te indignarás contra a oração do teu povo?” Salmos 80:4
“O Senhor é homem de guerra; o Senhor é o seu nome.” Êxodo 15:3
E o que um povo que adora um deus de guerra espera que ele faça?
Obviamente que ele mate muitos inimigos e conquiste muitas terras para seu povo. E é justamente essas coisas que observamos Jeová fazendo em nome de seu povo escolhido, Israel.
“Diante dele se prosternarão seus inimigos, e seus adversários lamberão o pó.” Salmos 72:9
“(…) Disse o Senhor: Eu os farei voltar de Basã, farei voltar o meu povo das profundezas do mar; Para que o teu pé mergulhe no sangue de teus inimigos, e no mesmo a língua dos teus cães.” Salmos 68:22,23
“(…) serão passados a fio de espada, e se tornarão pasto dos chacais.” Salmos 63:10
“… Sim, Deus parte a cabeça de seus inimigos, o crânio hirsuto do que persiste em seus pecados.” Salmos 68:21
“De seu santuário, temível é o Deus de Israel; é ele que dá ao seu povo a força e o poder. Bendito seja Deus!” Salmos 68:35
“Já que a mão, disse ele, foi levantada contra o trono do Senhor, o Senhor está em guerra perpétua contra Amalec.” Êxodo 17:16
Veja como os adversários deveriam ser tratado pelo deus guerreiro, Jeová. Eles teriam que lamber o pó e seu sangue, quando derramado, seria pisado pelos hebreus. Essa é uma figura de linguagem que quer dizer que deveriam ser brutalmente humilhados e mortos.
O comportamento irracional dos hebreus, típico do homem primitivo da Idade do bronze, é refletido no deus hebreu, jeová. Ele se irradia por todo o Velho Testamento.
Um deus que se diz guerreiro e possuidor de exércitos, por certo, é um rei. Não há como imaginar que um deus com tantos exércitos não possua uma coroa e um reino. Afinal, a razão de existir de um exército é servir e pelejar por seu grande general que está na maioria das vezes sob as ordens de um grande rei. Não se pode imaginar que um deus de guerra não possua também seus próprios carros de guerra.
“Os carros de Deus são vinte milhares, milhares de milhares. O Senhor está entre eles, como em Sinai, no lugar santo.” Salmos 68:17
“Entretanto, Deus é meu rei desde os tempos antigos, ele que opera a salvação por toda a terra.” Salmos 74:12
“Até o pardal encontrou casa, e a andorinha ninho para si, onde ponha seus filhos, até mesmo nos teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu.” Salmos 84:3
“O Senhor reinará eterna e perpetuamente.” Êxodo 15:18
Um deus militarizado como é Javé também deve possuir uma poderosa espada para decepar as cabeças de seus inimigos em guerra, não é mesmo?
Pois é, Jeová, o deus guerreiro possui não só espada como também cavalos.
E o que dizer de um arco e flechas poderosas? Será que jeová, o poderoso não os tem?
É claro que sim, qual guerreiro que se declare como tal, não possuiria tal instrumento de guerra tão útil?
“As nuvens lançaram água, os céus deram um som; as tuas flechas correram duma para outra parte.” Salmos 77:17
“Se não se arrependerem, afiará a sua espada e os matará. O seu arco está já retesado e apontado, pronto a disparar. Ele o armou com flechas mortais e inflamadas.” Salmos 7:12,13
Será que jeová possui um possante cavalo digno de um rei?
Sim, todo rei tem um belo e poderoso cavalo, e Javé não constituiria exceção a isso.
Os querubins são retratados como cavalos sobre os quais Jeová dos exércitos monta.
“Tu, que és pastor de Israel, dá ouvidos; tu, que guias a José como a um rebanho; tu, que te assentas entre os querubins, resplandece.” Salmos 80:1
“(...)cavalgou sobre um querubim e voou, planando nas asas do vento.” 2 Samuel 22: 11
Então Eliseu começou a orar, dizendo: “Ó Jeová, por favor, abre os olhos dele para que veja.” Jeová abriu imediatamente os olhos do ajudante, e ele viu que a região montanhosa estava cheia de cavalos e carros de guerra, de fogo, em volta de Eliseu.” 2Reis 6:17
“Enquanto eles andavam e conversavam, de repente um carro de fogo e cavalos de fogo separaram os dois; e Elias subiu aos céus no vendaval.” 2Reis 2:11
Os querubins em algumas passagens são vistos por alguns escritores como sendo anjos de classe superior, já em passagens mais antigas, eles seriam uma espécie de animal alado que o deus hebreu cavalga como que cavalos fossem.
Em representações antigas na Palestina, esses querubins aparecem com corpos de cavalo e com diferentes números de asas. Pelo que tudo indica, segundo alguns estudiosos, os hebreus copiaram essas figuras lendárias dos babilônios.
Como é facilmente perceptível, por meio do texto bíblico, os povos antigos dentre os quais, os hebreus, atribuíam características humanas a seus deuses. Os deuses odiavam, amavam, perdoavam, tinham carruagens militares e cavalos, arco e flechas, espadas e até exércitos. A vida dos deuses era confundida com a dos mortais. Elas em tudo eram muito parecidas. E não poderia ser diferente, porquanto os povos antigos viam seus deuses muitas das vezes a partir deles mesmos.
A Bíblia, portanto, não é um livro inspirado por um deus real, mas é apenas um livro cujas estórias estão imersas em um oceano de lendas mitológicas. Suas estórias mostram a cultura e o modo de ser das pessoas àquela época e naquelas redondezas da Palestina.
Engana-se profundamente os que imaginam que, em suas páginas, possa haver alguma mensagem oriunda de um deus que fora criado na terra dos hebreus e para os hebreus. Engana-se quem imagina que suas estórias escondam mensagens subliminares e metafóricas que só determinado grupo religioso consegue ver e decifrar.
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