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A verdade sobre Hades, Sheol e alma

A verdade sobre Hades, Sheol e alma

 

Hades, Sheol e almas

 

A Bíblia usa as palavras hebraicas nefesh e ruahh, respectivamente, para alma e espírito, com diferentes sentidos. Mas esses diferentes sentidos nem sempre eram usados ao pé da letra.

Há religiões que ensinam que a palavra nefesh, quando utilizada na Bíblia nunca se refere a algo imaterial e consciente, mas sim, à própria pessoa ou à vida dessa. Da mesma forma, ruahh não seria algo que abandonaria o corpo da pessoa ao morrer, mas a intenção, inclinação ou mesmo a uma força invisível que manteria a vida do corpo (alma).

Acreditam eles que a passagem bíblica que mostra a criação do homem, deixa claro que o corpo produzido por Deus com o pó da terra, não tinha vida até o momento em que Ele soprou-lhes as narinas. Combinando-se o corpo sem vida ao sopro (ruahh) de Deus, surgiria, então, a alma vivente (nefesh). E isso de fato está claro no texto de Gênesis, mas, como visto no início, os escritores bíblicos não levavam ao pé da letra o significado dessas palavras.

Juntamente com nefesh e ruahh, uma outra palavra que causa polêmica é sheol. Algumas traduções a vertem como sepultura, local a que todos os vivos vão quando mortos.

A palavra sheol é hebraica e está presente no velho testamento, já no novo testamento aparece a palavra grega hades como seu possível equivalente.

Os gregos acreditavam que as almas dos mortos eram conduzidas ao hades, o mundo subterrâneo, que tinha como soberano um deus que emprestava seu nome a esse lugar.

Há uma passagem na bíblia que aponta que sheol também recebia a suposta alma de quem morria. Essa passagem se encontra na história de José, quando seu pai imaginava que ele tinha sido morto por uma fera. "É a túnica de meu filho! Um animal selvagem o devorou! José foi despedaçado!"

Então Jacó rasgou suas vestes, vestiu-se de pano de saco e chorou muitos dias por seu filho.

Todos os seus filhos e filhas vieram consolá-lo, mas ele recusou ser consolado, dizendo: "Não! Chorando descerei à sepultura(sheol) para junto de meu filho". E continuou a chorar por ele. Gênesis 37:31-35.

Note que Jacó sabia que José havia sido devorado por uma fera, logo, ele sabia que o corpo de José não estava em nenhuma sepultura e, sim, no estômago de alguma fera. Portanto, aqui fica evidente que Sheol nem sempre era usada para se referir a sepultura, pois, do contrário, não teria sentido Jacó desejar ir ao Sheol. Ou seja, para Jacó, não obstante seu filho tivesse sido dilacerado por um animal selvagem, Jacó pensava que poderia encontrá-lo em algum lugar no Sheol, pois sua nefesh(alma), lá estaria.

A famosa visita do rei Saul à feiticeira de En Dor é outra demonstração de que os hebreus viam a nefesh como algo além do corpo físico e o Sheol como um lugar além do túmulo. Em 1 Samuel 28:5-25, Saul queria que a bruxa fizesse subir a pessoa do profeta Samuel que já estava morto algum tempo. Quer dizer, a bruxa fez a nefesh de Samuel subir do Sheol, pois o seu corpo físico estava em alguma sepultura no território de Israel e não na gruta de uma bruxa. Se a nefesh fosse somente a própria pessoa, enquanto viva, não teria sentido de o rei Saul fazer aquele pedido a bruxa. Além disso, a bruxa descreveu um vulto que se encaixava perfeitamente a pessoa do falecido Samuel, por isso, Saul caiu por terra diante da exata descrição feita pela feiticeira, do profeta.

Religiões como Testemunhas de Jeová e Adventistas dizem que ali foi um demônio que se fez passar por Samuel, contudo a própria Bíblia fica silente quanto a isso. Outros dizem que Saul estava possuído por espíritos (demônios). Contudo, se for isso de fato verdade, Saul não poderia ser responsabilizado por seus atos, porquanto se encontrava sob domínio ou controle de um espírito. E mais, o escritor bíblico de 1 Samuel, nos versículos 15 a 20, diz que foi Samuel que estava falando, ali não diz que foi um suposto Samuel. Não tem sentido pensar que Saul estava sendo enganado por um demônio, pois se assim fosse, o demônio estaria tentando enganar um outro demônio que estava no corpo de Saul. Este acreditava nitidamente que aquele a quem falava era Samuel. Perceba que ele pediu que subisse Samuel, e o próprio Samuel fala como que se tivesse realmente subido de algum lugar. “Por que me inquietaste fazendo subir?” Pergunte-se: subir de onde? Da sepultura? Viu! perde o sentido pensar que Samuel subiria da sepultura. A sepultura de Samuel não estava na casa ou gruta da bruxa de En Dor. Samuel subiu do Sheol que para a grande massa de hebreus era também um lugar a que as almas dos mortos se dirigiam.

No novo testamento, em 1 Pedro 3:18,19, é dito que Jesus em espírito desceu ao hades (infernus), a famosa mansão dos mortos da Igreja Católica, e estando lá, pregou aos espíritos em prisão. O que demostra mais uma vez que os judeus não só acreditavam em vida pós morte, bem como criam que o sheol era igual ao hades dos gregos no sentido de que esse lugar também recebia a alma dos que morriam. Esse texto é bastante polêmico e já gerou diversas interpretações por parte daqueles que não apoiam a vida pós morte. Creio que isso se deu sem muito sucesso.

A tão bem conhecida parábola, contada por Jesus, sobre o rico e Lázaro, também não deixa dúvidas quanto à crença dos judeus no mundo pós morte. Muitos explicam que essa parábola não deve ser entendida literalmente, daí apontam diversos elementos que a descaracterizariam como sendo real. Porém, os que tentam dar um outro sentido a parábola, caem na contradição. Seus argumentos se tornam suficientes se pensarmos que só os povos ditos pagãos criam na vida depois da morte.

Então vejamos, Jesus falava, em sua maioria, às pessoas sem nenhuma instrução, eram raras as exceções. Havia entre as fileiras de seguidores de Jesus pescadores, prostitutas, trabalhadores do campo, ladrões e carpinteiros-pedreiros. Por isso, mesmo, antes de ensiná-las, tinha que ilustrar e mesmo assim muitos ainda não entendiam o que era dito. Eram pessoas iletradas, analfabetas. Por exemplo, Jesus, diversas vezes, lhes falou de sua ressurreição, após o terceiro dia, e ainda assim, quando ele ressuscitou muitos não compreenderam isso. Elas eram pessoas simples, era natural isso acontecer.

Quando ilustrava, portanto, Jesus buscava elementos conhecidos da maioria dos seus ouvintes, pois do contrário, jamais entenderiam o que era falado. Isso é observado em todas as suas ilustrações ou parábolas. Especificamente, na parábola do rico e Lázaro, temos de olhar o que queria Jesus passar ao contá-la. Em outras palavras, temos que ver o contexto, em Lucas 16:1-30. Todo o capítulo fala de riquezas, de quem é rico e de quem é pobre, da riqueza ostentada pelos fariseus, da dificuldade em se obedecer a dois senhores. Fala também do cumprimento da lei e dos profetas e assim por diante. Em seguida, começa Jesus a contar-lhe a parábola do pobre Lázaro e do rico. Ou seja, ele está tentando ligar as situações apontadas anteriormente à parábola. Perceba como a parábola retrata exatamente dois ambientes em um mesmo local, havendo apenas um abismo que separa um ambiente do outro.

Em nenhum momento, é dito que o ambiente em que se encontra o pobre Lázaro, seja o céu. Fala-se, sim, do hades e seus dois compartimentos. Um que abrigaria pessoas ditas cumpridoras da lei e dos profetas e o outro reservado para os não cumpridores.

A menção de pai Abraão não tem nada a ver com Deus como muitos tentam explicar. Dizem que Abraão na ilustração representaria Deus. O pobre; as pessoas desprezadas pelos fariseus e escribas; o rico, os próprios fariseus que se orgulhavam da posição que ocupavam. A morte de ambos, uma mudança de condição.

Os termos, portanto, da parábola possuíam elementos conhecidos daquelas pessoas tão humildes.

Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado.

Porém, Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite. Lucas 16:25,31


Devemos nos lembrar de que os fariseus, em muitas ocasiões, se retrataram como sendo filhos de Abraão. O que derruba a ideia de que Abraão na parábola seria Deus. Para os judeus, Abraão e tantos outros servos de Deus quando morreram foram ao compartimento do hades, onde ficavam os justos.

 

As pessoas daquela época e até algumas da nossa acreditavam que os pobres sempre eram favorecidos por Deus quando morriam, ao contrário dos ricos. Essa não é a primeira vez que Jesus indica que as riquezas podem afastar o homem de Deus. Em uma ocasião, ele foi interpelado por certo jovem muito rico que perguntou-lhe o que deveria fazer para herdar o reino dos céus. Ao final, Jesus conclui que é muito difícil de o rico entrar no reino de Deus. O que também era natural pensar assim, já que quem o seguia não eram os ricos, mas sim, os pobres em sua grande massa. O que Jesus poderia oferecer a um rico possuidor de tantos bens e usufruidor de tantos prazeres? Quase nada! Mas, aos pobres coitados, que sequer tinham o pão para se alimentar, as promessas de Jesus eram verdadeiras maravilhas aos seus ouvidos. Por exemplo, o que poderia Jesus oferecer a Pilatos, quando este perguntou-lhe o que era a verdade. Jesus, calou-se simplesmente! Aquela seria uma ótima ocasião não de se provar sua inocência, mas de convencer um pagão das verdades de Deus.

Ainda, falando da crença do pós morte, vamos nos recordar, por exemplo, da ocasião em que Jesus apareceu de repente aos seus discípulos, depois de ressuscitado e da que ele andou sobre as águas do mar da galileia. Nesses dois momentos distintos, os discípulos imaginavam que Jesus fosse um fantasma ( espírito). Embora não tenha sido usado a palavra nefesh nessas duas situações, o que chama atenção é o fato de que pessoas do círculo íntimo de Jesus gozem do mesmo pensamento dos outros povos. Eles acreditavam que os mortos poderiam se levantar de seus túmulos, nada diferente da maneira de pensar dos pagãos. Notem que em momento algum, eles são corrigidos por Jesus para mudar sua forma de pensar, muito pelo contrário. Jesus, na ocasião da entrada com as portas fechadas, simplesmente, tenta convencê-los de que ele não é uma alma penada ou fantasma, mandando inclusive que toquem em seu corpo, já que um espírito não teria carne e nem ossos. Em outras palavras, Jesus reforça a ideia de que fantasmas ou almas penadas existem, somente eles não teriam como serem tocados por não possuírem carne e ossos.” Enquanto falavam sobre isso, o próprio Jesus apresentou-se entre eles e lhes disse: “Paz seja com vocês! “Eles ficaram assustados e com medo, pensando que estavam vendo um espírito”. Lucas 24:36-37 e Marcos 6:49, 50: " Quando o viram andando sobre o mar, pensaram que fosse um fantasma. Então gritaram, pois todos o tinham visto e ficaram aterrorizados."

Temos ainda uma passagem em Atos dos Apóstolos, ali Paulo se declara como fariseu e como tal compartilhador da crença de espíritos, anjos e ressurreição dos mortos. Atos 23:7, 8 reforça os argumentos acima:"Então Paulo, sabendo que alguns deles eram saduceus e os outros fariseus, bradou no Sinédrio: "Irmãos, sou fariseu, filho de fariseu. Estou sendo julgado por causa da minha esperança na ressurreição dos mortos!"

Dizendo isso, surgiu uma violenta discussão entre os fariseus e os saduceus, e a assembleia ficou dividida.

(Os saduceus dizem que não há ressurreição nem anjos, nem espíritos, mas os fariseus admitem todas essas coisas.)

Alguns poderiam argumentar: mas anjos são espíritos! Certamente que sim, anjos são espíritos, contudo os termos anjo e espírito foram usados no contexto para indicar coisas diferentes uma da outra.

A prova da crença dos judeus no pós morte não fica restrito apenas à Tanak, não. O livro apócrifo de Enoque, os rolos de Qurãn e outros mostram essa crença. Podemos ainda citar fora do contexto bíblico “As antiguidades e guerras judaicas e discurso aos gregos sobre o hades” de Flávio Josefo. Creio que não se faz necessário me aprofundar sobre a pessoa desse historiador judeu bastante conhecido no meio religioso (católico e protestante). Há certos estudiosos que dizem que esses livros foram adulterados em algumas passagens por escribas cristãos. Mas essas adulterações não alteraram sobremaneira todo o contexto dos escritos de Josefo, sendo, até mesmo, possível, localizar e retirar essas inserções ou interpolações do texto original. Logo abaixo deixo parte da obra, discurso aos gregos.

Agora, quanto ao Hades, onde as almas dos justos e injustos ficam detidas, é necessário falar dele. Hades é um lugar no mundo não regularmente concluído: uma região subterrânea, onde a luz deste mundo não brilha. Devido a esta circunstância, de que nesta região a luz não brilha, ela não pode estar [brilhando], mas deve permanecer nela a escuridão perpétua. Esta região considera-se como um local de custódia para as almas; em que os anjos são nomeados como guardiões para elas: que lhes distribuem castigos temporários, de acordo com o comportamento e atitudes de cada um.

Nesta região há um determinado lugar isolado, como um lago de fogo inextinguível. Nele supomos que ninguém até agora tenha sido lançado: mas está preparado para um dia já determinado por Deus: em que uma sentença justa será merecidamente lançada sobre todos os homens, quando os injustos, e aqueles que foram desobedientes a Deus, e deram honra a determinados ídolos como têm sido feito em vão pelas mãos dos homens, como se fosse ao próprio Deus, serão destinados a este castigo eterno, como tendo sido as causas da corrupção, ao passo que os justos obterão uma incorruptibilidade e nunca perderão o Reino. Estes também se encontram confinados no Hades agora, mas não no mesmo lugar em que os injustos estão confinados.

3. Porque há uma só descida para esta região, em cujo portão acreditamos estar postado um arcanjo, com uma hoste: quando aqueles passam por tal portão são conduzidos para baixo pelos anjos nomeados sobre as almas, mas não seguem o mesmo caminho, pois os justos são guiados para a direita, e são conduzidos com hinos, cantados pelos anjos nomeados sobre esse lugar; até uma região de luz, em que o justo tem habitado desde o início do mundo. Não são constrangidos pela necessidade; mas sempre desfrutam a perspectiva das coisas boas que eles veem, e alegria na expectativa desses novos contentamentos que serão peculiares para cada um deles e aproveitam essas coisas ainda mais do que temos aqui. Com eles não há lugar de labuta; sem calor ardente; nenhum incômodo por frio, nem quaisquer abrolhos existem lá: mas o semblante dos pais e dos justos é o que eles veem sempre sorrindo sobre eles: enquanto esperam por aquele descanso e a nova vida eterna no céu, que é o que vem após esta região. Este é o lugar que chamamos o seio de Abraão.”

Assim, mencionar Eclesiastes e Salmos como prova de que os judeus não acreditavam em vida após a morte, não reflete a pura verdade. E se olharmos bem para Eclesiastes 9:5-9, 10, veremos que a ideia ali é mostrar que os mortos diferentemente dos vivos não podem mais fazer as coisas que faziam quando vivos. Não podem mais amar, odiar, desejar e tudo que um vivo pode.

Não podemos esquecer também que dentro do judaísmo havia várias correntes de pensamento. Os fariseus, saduceus, essênios, zelotas e outras faziam parte dessa corrente. Os fariseus, por exemplo, acreditavam em ressurreição dos mortos, já os saduceus não. E essas formas de pensar também adentraram em todo o texto bíblico. Por isso, vamos encontrar passagem no texto bíblico dando a entender que há vida após a morte e há outras dizendo o contrário. Foram mais de 40 pessoas, em diferentes lugares e em diferentes épocas que escreveram os escritos bíblicos. Pessoas que, em determinada, época seguiram o pensamento de seu tempo. Os crentes não enxergam isso, daí o motivo dos diversos debates que não se chegam a nenhum lugar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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