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Jeová, o Diabo e os censos

Jeová, o Diabo e os censos

 

Você já ouviu falar de censo?

Normalmente, os censos no Brasil são de competência do IBGE-INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Esse importante instituto brasileiro tem por finalidade recolher dados como o total de habitantes do país, renda das pessoas, idade e informações de caráter econômicos, geográficos e sociais entre outras informações.

Os censos já eram feitos antes mesmo da Idade Média e, naquela época, tinham objetivos bem diferentes dos de hoje.

Quando os hebreus saíram do Egito, o deus Jeová(?), por exemplo, ordenou a Moisés que se um censo, isso de acordo com o conto bíblico, é claro.

No tempo de Moisés, foram feitos dois censos, sendo o último realizado quando os israelitas se aproximaram das colinas de Moabe.

Sabemos que censos quando realizados, nos tempos antigos, tinham por objetivos:

  • Arrecadar impostos da população local; e
  • Recrutar homens para as guerras.

 

A quem interessava os censos?

Os reis eram os que mais se beneficiavam com os censos, pois por meio deles, obviamente, eles aumentavam em muito suas riquezas.

Abaixo, podemos ver claramente a finalidade primeira dos censos, quando praticado pelos hebreus sob o pretexto de o realizar a mando de seu deus.

 

“Toda vez que você fizer o censo dos israelitas, cada homem que for contado pagará ao Senhor um resgate por si mesmo. Com isso, nenhuma praga ferirá o povo quando você o contar. Cada pessoa contada entregará uma pequena quantidade de prata como oferta sagrada ao Senhor. (O pagamento corresponderá a meio siclo, com base no siclo padrão do santuário, equivalente a doze gramas.). Todos os homens de 20 anos para cima entregarão ao Senhor essa oferta sagrada. Quando entregarem ao Senhor a oferta para fazer expiação pela vida deles, os ricos não darão mais que a quantia especificada, e os pobres não darão menos. Receba o dinheiro de resgate.” Êxodo 30:12-16

 

Perceberam como não há nada de deus nessa passagem?

Quem criou essa passagem simplesmente introduziu o elemento divino, sendo que quem estava se beneficiando de tais censos eram os seus líderes que, nesse caso, eram Moisés e Arão que se comportavam como maiorais ou reis entre o povo hebreu.

Moisés e Arão representavam duas classes: a real e a sacerdotal.

Na verdade, o escritor hebreu monoteísta, está tentando, nessa passagem, incutir a ideia de que os censos emanavam de deus, logo, os hebreus ou israelitas tinham que contribuir sem se queixarem.

O escritor hebreu está incutindo nas massas, em geral, os iletrados e ignorantes que pagamento de imposto é um dever divino, sagrado.

Essa passagem busca, portanto, justificar a cobrança de impostos pelos reis hebreus. Os pobres hebreus deveriam ver os censos como uma ordenança divina, vez que o rei era o representante de deus na terra. Os hebreus tinham que obedecer ao rei como que a deus.

 

“Não amaldiçoarás Deus; não amaldiçoarás um príncipe de teu povo.” Êxodo 22:28

 

É importante ainda destacar que o escritor com o intuito de pressionar e impor o medo entre o povo diz que quando contado e não contribuído com censo, o hebreu sofreria pragas.

E estas pragas viriam de quem?

Como a ideia é passar que o hebreu contribuía para deus, assim, o revoltoso que não contribuía receberia a paga por essa insolência.

A exploração do povo sempre existiu e não é de hoje como podemos ver no caso dos hebreus.

A exploração era tanta entre os hebreus que os pobres deveriam pagar imposto em quantidade igual que um hebreu rico.

A capacidade contributiva das diferentes camadas da população israelita não era levada em conta, o que importava mesmo para aqueles que impunham o censo era a arrecadação.

A Bíblia registra um censo que fora realizado na época do reinado de Davi.

Nessa ocasião é dito no texto bíblico que Davi teria sido incitado a fazer esse censo.

 

Satanás levantou-se contra Israel e levou Davi a fazer um recenseamento do povo.
Davi disse a Joabe e aos outros comandantes do exército: Vão e contem os israelitas desde Berseba até Dã e tragam-me um relatório para que eu saiba quantos são. 1Crônicas 21:1,2

 

O escritor de 1 Crônicas nos diz que Satanás teria incutido o rei a fazer aquele censo. Porém, quando lemos o livro do vidente Samuel, vemos uma outra informação, vejam:

 

“Tornou-se de novo a acender a ira de Jeová contra Israel, e incitou contra eles a Davi, dizendo: Vai, numera a Israel e a Judá. Disse o rei a Joabe, general do seu exército: Corre todas as tribos de Israel, desde Dã até Berseba, e fazei resenha do povo, para que eu saiba o número do povo.” 2Samuel 24:1,2

 

Samuel ou quem lhe faz às vezes diz aqui que quem incitou Davi, na verdade, fora Jeová e não Satanás como fora dito pelo escritor de Crônicas.

E agora?

Quem incitou realmente Davi?

Você conseguiria interpretar passagens tão conflitantes e aparentemente tão contraditórias?

Muitos veem essas duas passagens como mais uma das passagens contraditórias que encontramos nas páginas da Bíblia.

É verdade, há muitas, muitas passagens que podemos ver como sendo contraditórias na Bíblia.

Mas, posso afirmar dessa vez que não há nenhuma contradição nestas, pelo menos, quando a analisamos à luz de outros textos.

Sim, os crentes, como não poderia ser diferente, afirmam que não há contradição mesmo. São muitos os argumentos que diferentes correntes cristãs apontam para harmonizar essas duas passagens, evitando assim que a Bíblia se contradiga, e para eles, ela nunca se contradiz, vez que é a inspirada palavra de deus.

Entretanto, as argumentações apresentadas pelos crentes para retirar essa contradição não têm fundamentação bíblica e nem lógica.

Quando lemos a Bíblia, devemos ter em mente que os hebreus(as personagens) nos contos do Velho Testamento não tinham conhecimento de diabo ou Satanás algum.

Vejam que quem nos informa que fora o diabo que incitou Davi é o escritor, a personagem Davi e o povo não sabem disso.

Essa mesma situação, vocês devem lembrar, aconteceu com Jó, quem sabe da existência de Satanás no conto de Jó, só são os leitores de seu livro(nós), Jó, a personagem, não tem a mínima ideia da existência de diabo ou Satanás algum.

Tanto que em toda a sua narrativa, Jó acredita que quem lhe causou toda aquele mal fora Jeová.

Sim, os antigos hebreus não atribuíam os males que lhes sobrevinham a outro ser. Todo bem ou todo mal que lhes viessem, eram vistos como vindos da parte de Jeová.

Entendeu?

Era inconcebível para um hebreu imaginar que males estavam sendo feitos por outro ser. Só os deuses poderiam causar mal, esta era a concepção dos hebreus.

Assim, quem incitou Davi foi Jeová através de Satanás da mesma forma que aconteceu com Jó, entendeu?

Satanás no Velho Testamento é apenas um emissário de Javé. O diabo é usado por Javé como acusador das pessoas(os hebreus) daí o significado da palavra “Satanás”.

Satanás só aprece como ser perverso e cruel no Novo Testamento, pois os cristãos do primeiro século inventaram que ele era a serpente presente no jardim do Éden.

Como todos os males que vemos acontecendo com os hebreus e outros povos eram creditados a Jeová, os cristãos não aceitavam isso, porque achavam que Jeová era bom e não mau. Daí, resolveram atribuir os males ao diabo e as coisas boas a Jeová.

Assim, surge o dualismo cristão, a luta entre o deus do bem(Jeová) e o deus do mal(Satanás). Os cristãos se inspiraram no zoroastrismo persa.

Mas, essa estória do censo tem um outro motivo escondido. Os livros de Samuel e Crônicas são escritos modernos e não antigos como muitos pensam que são. Os contos em suas páginas não foram escritos no momento em que eles supostamente ocorriam.

Como dissemos os censos se prestavam para arrecadar impostos ou recrutar homens para guerras.

O escritor dessa passagem modificou os contos orais antigos dos hebreus e inventou que Davi havia pecado quando realizou o censo.

O que aconteceu foi que Davi realizou um censo para arrecadar mais impostos sobre um povo que já pagava pesados impostos. É nisso que residiu seu pecado!

Os reis hebreus como todos os outros eram cruéis e assassinos, quando o assunto era arrecadar impostos. Eles queriam manter seus luxos e para tanto era preciso explorar aqueles que lhes eram submissos.

Davi com esse censo levou o povo a uma extrema pobreza tão grande que milhares morreram como que se estivessem sofrendo por uma praga. A praga que dizia o Êxodo que poderia ocorrer se o povo se recusasse a pagar impostos.

Por isso que o escritor inventou que houve uma praga ou pestilência da parte de Jeová que saiu matando o povo. Ao rei não aconteceu nada, percebe?

Isso porque o povo não queria pagar mais impostos, volte ao nosso primeiro texto e verá que Moisés disse que quem não pagasse impostos sofreria pragas.

Só que, na verdade, a praga foi que o rei hebreu mandou fazer uma chacina por entre aqueles que se recusaram a pagar impostos.

Além da pesada imposição de impostos, Davi também teria recrutado pessoas para prestar serviços forçados.

Podemos ver isso na reação do general Joabe que não viu com bons olhos essa arrecadação.

 

“Respondeu Joabe: Multiplique Jeová o seu povo cem vezes mais do que ele é: porém, ó rei meu senhor, não são todos eles servos do meu senhor? por que requer isso o meu senhor? por que será ele ocasião de culpa a Israel? Todavia a palavra do rei prevaleceu contra Joabe. Pelo que partiu Joabe e passou por todo o Israel, e voltou para Jerusalém.” 1 Crônicas 21:3,4

 

Joabe, segundo o conto, não teria contado, ou seja, cobrado impostos dos levitas e nem dos Benjaminitas(tribo do rei Saul).

 

“Mas entre eles não contou Joabe a Levi nem a Benjamim, porque a palavra do rei era abominável a Joabe.” 1 Crônicas 21:6

 

E isso tem uma razão. Os levitas eram os representantes da classe sacerdotal, essa classe como a real, raramente, pagavam alguma coisa, pelo contrário, se beneficiavam dos pesados impostos arrecadados.

A tribo de Benjamim, por muito tempo, se constituiu numa tribo de oposição à casa de Davi, logo, cobrar-lhe mais impostos poderia ser o estopim para uma guerra civil.

Saul era da tribo de Benjamim, e essa casa, segundo passagens bíblicas formaram um polo de oposição à casa de Davi.

O rei Davi não deixou barato esse descontentamento de Joabe. Mais tarde, antes de morrer, Davi manda Salomão o assassinar sob o pretexto de que ele havia matado Abner, só que Abner era inimigo de Davi.

Abner era general do exército de Saul, logo, inimigo ferrenho de Davi.

Uma outra prova do que estamos falando pode ser vista no texto abaixo, em que o escritor afirma que Salomão fez um censo aos moldes de Davi, só que dessa vez, o escritor não diz que este censo foi visto como pecado.

 

“Salomão fez um censo de todos os estrangeiros na terra de Israel, como o censo que seu pai, Davi, havia feito, e descobriu que eram 153.600. Designou 70.000 deles como carregadores, 80.000 como cortadores de pedra na região montanhosa e 3.600 como chefes para supervisionar a obra.” 2 Crônicas 2:17,18

 

Salomão fez um outro censo para arrecadar mais impostos do mesmo modo que seu pai Davi havia feito em seu tempo.

Porém dessa vez, Salomão não fez nenhuma chacina, por isso que, dessa vez, não se fala em praga da parte de Jeová.

E como foi que Salomão conseguiu isso?

Enganando o povo, ele disse que estava arrecadando impostos para construir uma casa ou templo para os hebreus adorarem os seus deuses entre eles Jeová.

Como o povo hebreu adorava uma estátua, caiu na grande jogada de Salomão. Que, na verdade, usou esse pretexto para construir um palácio para filha de faraó que seria sua esposa.

A fome dos reis hebreus em explorar seu povo, pode ser vista ainda quando os conselheiros de Salomão são consultados por Roboão, seu filho, para saber como ele os governaria.

E é dito pelo povo que Salomão os governou com braço de ferro e sob pesados impostos.

 

“Os líderes de Israel convocaram Jeroboão, e ele e todo o Israel foram falar com Roboão. Seu pai foi muito duro conosco, disseram. Alivie a carga pesada de trabalho e de impostos altos que seu pai nos obrigou a carregar. Então seremos seus súditos leais.” 2 Crônicas 10:3,4

 

Os escritores hebreus envolveram fatos e eventos do seu povo em meio a lendas, acrescentando-lhes o elemento divino, deus.

 

 

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