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A Bíblia e a Ressurreição

A Bíblia e a Ressurreição

PARTE 4

Princípios do sistema de pecados

 

O primeiro princípio do sistema de pecados implantado pela classe sacerdotal era afastar as pessoas da divindade, fazendo-as pensar que elas eram indignas e imerecedoras de seu favor. Elas tinham de se ver como pecadoras, sujas e imundas.

O segundo princípio era fazer com que um indivíduo(ou classe) gozasse do favor da divindade, só este poderia se aproximar e se comunicar com a divindade. Estes embora fossem também pecadores, estavam numa condição melhor que os demais, vez que por meio desses poucos que a divindade se revelava, quer por meio de sonhos, quer por aparições ou visões.

 

E todo o povo viu os trovões e os relâmpagos, e o sonido da buzina, e o monte fumegando; e o povo, vendo isso retirou-se e pôs-se de longe. E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos: e não fale Deus conosco, para que não morramos. E disse Moisés ao povo: Não temais, Deus veio para vos provar, e para que o seu temor esteja diante de vós, a fim de que não pequeis. E o povo estava em pé de longe. Moisés, porém, se chegou à escuridão, onde Deus estava.” Êxodo 20:18-21

 

O terceiro princípio do sistema de pecados era fazer com que o escolhido, o ungido, servisse de ponte entre os não favorecidos(os pecadores) e a divindade. Era ele que levava à divindade as suplicas dos pobres pecadores.

Os pecadores por si só não poderiam se achegar à divindade, porquanto suas súplicas não seriam ouvidas.

Há uma outra passagem na Bíblia que ilustra muito bem o terceiro princípio do sistema de sacrifícios criado pela lei de Moisés, o levita. Vejam:

(...)E esperou Saul sete dias, até ao tempo que Samuel determinara; não vindo, porém, Samuel a Gilgal, o povo se dispersava dele. Então disse Saul: Trazei-me aqui um holocausto, e ofertas pacíficas. E ofereceu o holocausto. E sucedeu que, acabando ele de oferecer o holocausto, eis que Samuel chegou; e Saul lhe saiu ao encontro, para o saudar. Então disse Samuel: Que fizeste? Disse Saul: Porquanto via que o povo se espalhava de mim, e tu não vinhas nos dias aprazados, e os filisteus já se tinham ajuntado em Micmás. Eu disse: Agora descerão os filisteus sobre mim a Gilgal, e ainda à face do Senhor não orei; e constrangi-me, e ofereci holocausto. Então disse Samuel a Saul: Procedeste nesciamente, e não guardaste o mandamento que o Senhor teu Deus te ordenou; porque agora o Senhor teria confirmado o teu reino sobre Israel para sempre;(...)” 1 Samuel 13:8-13

 

Nessa passagem, Saul, no desespero, ousou violar o terceiro princípio da lei de sacrifícios, ou seja, por conta própria ofereceu sacrifícios à divindade Javé, só que isso não era mais permitido a nenhum israelita e nem mesmo ao rei. Sacrifícios desse tipo deveriam ser oferecidos através dos legitimados levitas que possuíam o sacerdócio perpétuo.

O ofício de sacrificar ao deus hebreu cabia a Samuel, esse direito concedia aos levitas, em especial, ao sacerdote em exercício, uma influência tremenda sobre as vidas das pessoas. Suas decisões eram inquestionáveis, já que elas gozavam da presunção de provirem do próprio deus hebreu.

Para incutir a ideia da legitimidade dos levitas e/ou daquele que por alguma circunstância viesse a exercer o sacerdócio, os escritores incluíram passagens, no Velho Testamento, mostrando que quem ousasse usurpar tal posição pagaria com a própria vida.

 

Então David e todo o Israel foram a Baala (ou seja, Quiriate-Jearim), em Judá, para trazerem a arca do Senhor Deus, cujo trono está acima dos anjos. Foram-na buscar a casa de Abinadabe, num carro novo. Uzá e Aiô conduziam o carro. David e todo o povo dançou perante o Senhor, com grande entusiasmo, acompanhados por cantares, e por harpas, alaúdes, tamboris, címbalos e trombetas. Mas chegando à eira de Quidom, os bois tropeçaram e Uzá jogou a mão para segurar a arca . Por isso morreu ali diante de Deus. David ficou muito irritado por o Senhor ter castigado Uzá; e chamou àquele lugar o Castigo de Uzá. Assim se chama ainda hoje.”1 Crônicas 13:6

 

Na passagem acima, um homem que não era levita ousou tocar na arca da aliança e foi aniquilado pelo deus hebreu.

Há também uma outra passagem, agora em Crônicas, que procura incutir a mesma ideia da exclusividade dos levitas.

 

Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração até se corromper; e transgrediu contra o Senhor seu Deus, porque entrou no templo do Senhor para queimar incenso no altar do incenso. Porém o sacerdote Azarias entrou após ele, e com ele oitenta sacerdotes do Senhor, homens valentes. E resistiram ao rei Uzias, e lhe disseram: A ti, Uzias, não compete queimar incenso perante o Senhor, mas aos sacerdotes, filhos de Arão, que são consagrados para queimar incenso; sai do santuário, porque transgrediste; e não será isto para honra tua da parte do Senhor Deus.” 2 Crônicas 26:16-18

 

É bom lembrar que Samuel, o vidente, não era levita, seu pai era Elcana, homem originário das tribos de Efraim. Embora haja uma passagem na Bíblia com uma genealogia em que Samuel aparece como sendo da tribo dos levitas.

 

HOUVE um homem de Ramataim de Zofim, da montanha de Efraim, cujo nome era Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliú, filho de Toú, filho de Sufe, efrateu. E este tinha duas mulheres: o nome duma era Ana, e o nome da outra Penina: e Penina tinha filhos, porém Ana não tinha filhos.” 1 Samuel 1:1,2

 

Estes são pois os que Davi constituiu para o ofício do canto na casa do Senhor, depois que a arca teve repouso. E ministravam diante do tabernáculo da tenda da congregação com cantares, até que Salomão edificou a casa do Senhor em Jerusalém: e estiveram, segundo o seu costume, no seu ministério. Estes são pois os que ali estavam com seus filhos: dos filhos dos coatitas, Hemã, o cantor, filho de Joel, filho de Samuel, Filho de Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliel, filho de Toá, Filho de Zufe, filho de Elcana, filho de Maate, filho de Amasai, Filho de Elcana, filho de Joel, filho de Azarias, filho de Zefanias, Filho de Taate, filho de Assir, filho de Ebiasafe, filho de Corá, Filho de Isar, filho de Coate, filho de Levi, filho de Israel.” 1 Crônicas 6:31-38

 

O livro de Samuel esclarece que Javé havia rejeitado Eli e seus filhos e disse que sua família seria maldita para sempre e que eles não seriam mais sacerdotes. É afirmado ainda que Javé honraria quem o honrasse.

A Bíblia revela que Eli e seus filhos que ocupavam o sacerdote naquela época não cumpriam com seus deveres sacerdotais, assim o deus hebreu embora tenha declarado que esse serviço só deveria ser prestado pelos levitas, ele o foi exercido por Samuel, que não era levita, após a morte de Eli e seus filhos. 1 Samuel 1:1; 2:12-35

 

O rei, embora fosse também um representante da divindade, não estava acima das decisões dos sacerdotes quando estas se diziam oriundas de deus. Toda a legitimidade que um rei tinha perante seu povo originava-se de sua subordinação às leis divinas que, segundo a concepção popular, e imposta por esse sistema de pecados, eram manifestadas através do sacerdote.

As monarquias primitivas como as dos hebreus eram tidas como teocráticas, isto é, governo de deus. Assim o era a egípcia e a grande maioria dos povos antigos. Os reis governavam como sendo filhos ou descendentes de deuses, ou os próprios deuses encarnados.

 

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