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PARTE 5
A quem interessava esse sistema de pecados
Criar a ideia de pecados e ter que pagar de alguma forma para sua expiação era um negócio muito lucrativo para a classe sacerdotal que, nesse caso, era representada pelos descendentes de Levi, os detentores do sacerdócio perpétuo. Podemos ver as vantagens desse negócio, no caso dos filhos do profeta Eli e depois no dos filhos de Samuel e em tempos a frente. 1Samuel 2:12-35
Os holocaustos e as oferendas eram constantes, nunca que eles se extinguiriam, pois os pecados, já eram tipificados pela própria Lei de Moisés, que era um levita, e as pessoas quando não pecavam conscientemente, pecavam sem saber, ou seja, as pessoas nunca deixariam de estar plenamente livres de pecados.
O povo sempre estaria em dívida com o deus hebreu e assim deveriam oferecer seus sacrifícios para expiação de seus pecados e suas ofensas à Lei e ao seu deus.
Grande parte desses sacrifícios nunca ia parar de fato nas mãos da divindade hebreia, mas sim, nas dos levitas, dessa maneira, estes, espertamente, diziam que o deus hebreu exigia animais puros, perfeitos e sem defeitos. Esses levitas constituíam, em virtude desses privilégios, uma classe bastante abastarda entre os hebreus.
“Também o sacerdote, que oferecer o holocausto de alguém, terá para si o couro do holocausto que oferecer. Como também toda a oferta que se cozer no forno, com tudo que se preparar na frigideira e na caçoula, será do sacerdote que a oferecer. Também toda a oferta amassada com azeite, ou seca, será de todos os filhos de Arão, assim de um como de outro.” Levítico 7:8-10
“E o sacerdote queimará a gordura sobre o altar, porém o peito será de Arão e de seus filhos. Também a espádua direita dareis ao sacerdote por oferta alçada dos vossos sacrifícios pacíficos.” Levítico 7:31,32
As melhores partes dos sacrifícios eram dadas aos sacerdotes!
Quem, afinal de contas, podendo pegar o melhor, pediria animais cegos, doentes e aleijados?
E quem ousaria apresentar tais animais a um deus raivoso, cujos olhos estavam o tempo todo sobre eles?
O sistema implantado por Moisés, portanto, exigia: legitimidade divina daquele que oferecesse os sacrifícios à divindade; a oferenda de uma vítima perfeita, de regra, animais e o derramamento do sangue da vítima perante um altar sagrado e fogo sagrado sobre a vítima.
Os hebreus também, em tempos passados, ofereciam vítimas humanas ao seu deus, embora essas vítimas nunca fossem usadas para expiar pecados, mas apenas para se alcançar um propósito ou voto.
Temos como exemplos, Abraão ao oferecer Isaque em sacrifício e Jefté ao ofertar sua própria filha em resposta a um voto feito. Além desses, são vários os vestígios dessa prática hebraica no texto bíblico. Na Bíblia, há pagãos se valendo dessa mesma prática em que filhos primogênitos são ofertados não para perdão de pecados, mas para angariar favor ou mesmo salvamento da parte de uma divindade. É bem provável que, na compilação final das escrituras hebraicas, muitos desses sacrifícios humanos tenham ficado de fora. Afinal de contas, na época em que essas estórias deixaram de ser transmitidas por meio da tradição oral, os judeus já não eram tão bárbaros e ignorantes. Daí, o motivo de ser seletivo na hora de compilá-las. Os judeus não queriam ser tão parecidos com os povos em sua volta em questões de práticas sacrificiais. Até porque um dos pretextos apresentados pelos escritores no Velho Testamento, os que abraçaram o monoteísmo, era se distanciar do tipo de sacrifício que aqueles povos ofereciam aos seus deuses. Porém, Há vestígios nos textos que mostram que os hebreus eram tão cananeus quanto os próprios cananeus!
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