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PARTE 9
Os preparativos pós-morte de Jesus
“Chegou José de Arimateia, membro bem-conceituado do Conselho, que também aguardava o Reino de Deus. Ele tomou coragem, compareceu perante Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Mas Pilatos quis saber se ele já estava morto e, convocando o oficial do exército, lhe perguntou se Jesus já tinha morrido. Assim, depois de se certificar por meio do oficial do exército, concedeu o corpo a José. José comprou linho fino e tirou o corpo da estaca; depois o enrolou no linho fino e o colocou num túmulo que tinha sido aberto na rocha. Então rolou uma pedra até a entrada do túmulo. Mas Maria Madalena e Maria, a mãe de Josés, ficaram olhando para onde ele tinha sido colocado.” Marcos 15: 43-47
“E, vinda já a tarde, chegou um homem rico, de Arimatéia, por nome José, que também era discípulo de Jesus. Este foi ter com Pilatos, e pediu-lhe o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que o corpo lhe fosse dado. E José, tomando o corpo, envolveu-o num fino e limpo lençol. E o pôs no seu sepulcro novo, que havia aberto em rocha, e, rodando uma grande pedra para a porta do sepulcro, retirou-se. E estavam ali Maria Madalena e a outra Maria, assentadas defronte do sepulcro.” Mateus 27:57-61
“Depois disto, José de Arimateia (o que era discípulo de Jesus, mas oculto, por medo dos judeus) rogou a Pilatos que lhe permitisse tirar o corpo de Jesus. E Pilatos lho permitiu. Então foi e tirou o corpo de Jesus. E foi também Nicodemos (aquele que anteriormente se dirigira de noite a Jesus), levando quase cem arráteis de um composto de mirra e aloés. Tomaram, pois, o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com as especiarias, como os judeus costumam fazer, na preparação para o sepulcro.” João 19:38-40
“Havia um homem chamado José, membro do Conselho, que era um homem bom e justo. (Esse homem não tinha votado em apoio da trama e da ação deles.) Ele era de Arimateia, uma cidade da Judeia, e aguardava o Reino de Deus. Esse homem compareceu perante Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Então o tirou de lá, o enrolou em linho fino e o colocou num túmulo escavado na rocha, onde ninguém ainda tinha sido sepultado.” Lucas 23: 51-53
Quando conjugamos essas narrativas, chegamos à conclusão de que José, da cidade de Arimateia, era um homem de excelente posição social e que era um discípulo em secreto da doutrina de Jesus, por medo dos judeus(fariseus, saduceus e sumo sacerdote). Os quatro evangelhos, até esse ponto da narrativa, parecem, de fato, se complementar.
O relato de João nos informa que enquanto José de Arimateia teria conseguido autorização para remover o corpo da cruz(estaca), bem como teria adquirido o sepulcro e as faixas mortuárias, por seu turno; Nicodemos teria feito os preparativos e os cuidados de aromatização do corpo de Jesus, seguindo o que determinava o costume dos judeus na realização da unção de pessoas mortas.
Aqui podemos salientar que embora as narrativas bíblicas digam que Arimateia fosse um homem rico e bem-conceituado perante os judeus e os líderes religiosos, este não usou de tal influência e prestígio para tentar salvar seu mestre. Afinal de contas, ele ousou votar contra a suposta trama armada para condenar Jesus, demonstrando assim que não tinha mais receio de se mostrar como seguidor do Nazareno.
Vimos ainda acima, no relato de João, que o corpo de Jesus foi preparado para ser sepultado. Logo, não se justifica e não tem lógica alguma, os outros evangelistas dizerem que as mulheres se dirigiram, após o dia de sábado, à sepultura, com aromas e óleos perfumados para serem usados no corpo já apodrecido de Jesus.
Nesse ponto, os crentes dizem que o motivo de as mulheres irem à sepultura se deu por causa de Nicodemos e José de Arimateia não terem completado o processo de unção do corpo de Jesus.
As informações trazidas pelos evangelistas, não nos dizem isso, pelo contrário, os evangelistas dizem que o corpo de Jesus teria, sim, recebido os preparativos de unção segundo os costumes dos judeus, portanto, dizer que não houve a devida preparação é uma extrapolação textual, para tentar harmonizar o texto bíblico. É uma falácia, uma mentira desprovida de qualquer fundamentação.
Imaginemos que a declaração dos crentes estivesse hipoteticamente correta e que a preparação adequada para o sepultamento de Jesus não tenha sido concluída. Quais as implicações disso? Se o corpo não foi devidamente preparado, apesar de já ter sido colocado óleos e aromas (cem arráteis de um composto de mirra e aloés, que pesava cerca de 33 quilos), como, então, se explicaria a ida dessas mulheres, em plena madrugada de domingo, tentarem completar a unção de um corpo que se encontrava numa gruta, cuja entrada era protegida por uma enorme pedra que elas não teriam condição alguma de removê-la? A impossibilidade da retira da pedra pelas mulheres é provada pelo fato de ter ocorrido um terremoto que fez com que a pedra se movesse e a declaração das mesmas.
Devemos nos ater também ao fato de que havia homens que guardavam a entrada do túmulo justamente para evitar que outros tentassem ter contato com corpo do falecido Jesus. Diante disso, como as mulheres poderiam imaginar ter acesso a esse corpo? Quais as justificativas que poderiam ser apresentadas aos soldados que estavam ali a mando dos fariseus e saduceus e principais sacerdotes para que eles permitissem acesso às mulheres ao túmulo?
E o ponto mais crucial a ser questionado é: para que serviriam, a esta altura, perfumes e aromas sobre um corpo pútrido de três(?) dias? Resolveria o quê?
Os aromas e perfumes se prestavam para amenizar o odor fétido do corpo, enquanto este ainda não estivesse podre. Uma vez atingido esse estágio, não havia mais nenhuma necessidade de tais cuidados. Lembremo-nos de que aquela região era muito árida, os corpos ali apodreciam rapidamente. É só ver o caso de Lázaro que aos 4 dias já estava podre. Na verdade, em qualquer lugar cujo clima seja quente, os corpos terão uma rápida degradação. E o corpo de Jesus estava dilacerado, pois os soldados romanos aplicaram o flagelo que geralmente rasgavam as carnes do preso, expondo até os ossos. O corpo de alguém nesse estado logo era exposto a severas infecções, gerando com isso podridões. Alguns morriam antes mesmo de serem crucificados.
Acescente a tudo que já foi dito que a lei encarava as pessoas que se aproximavam dos mortos( pessoas, animais ou mesmo ossos desses) como impuras. Sabemos que os discípulos como sendo judeus seguiam a lei judaica irrestritamente. Logo, as mulheres(Maria de Magdala, Joana e outras) jamais se dirigiriam ao túmulo em plena madrugada de domingo, pois, na realidade, estariam preocupadas, naquele momento, em sua purificação. A lei exigia isso!
Portanto, a tentativa dos crentes em resolver essa contradição junto à ressurreição não se sustenta. Padece pelos motivos acima expostos.
33 quilos de uma mistura foram colocados sobre o corpo de Jesus e ainda assim alguém achar que os preparativos não foram suficientes, é demais!
Essa passagem também demonstra o quanto os próprios seguidores de Jesus não acreditavam em ressurreição, mesmo as narrativas bíblicas dizendo que Jesus havia ressuscitado tantas pessoas e de seus seguidores também terem ressuscitado pessoas.
Tanto os discípulos quanto os judeus parecem esquecer que Jesus já havia ressuscitado, por exemplo, a filha de Jairo (Mateus 9:23-26), o filho da viúva de Naim (Lucas 7:11-17) e seu amigo Lázaro (João 11:146). Sem falar dos ressuscitados por Elias e Eliseu no passado que deveriam servir de provas de que a ressurreição dentre os mortos era possível.
Todas esses exemplos seriam mais que suficientes para desfazer qualquer trama ou descrença quanto à sua própria ressurreição.
Os relatos chegam ao absurdo de dizer que os discípulos nunca entenderam suas declarações de que ressuscitaria no terceiro dia.
(…) pois estava ensinando os seus discípulos. E lhes dizia: “O Filho do Homem será entregue às mãos dos homens, e eles o matarão, mas, embora seja morto, será levantado três dias depois.” No entanto, não entendiam o que ele lhes dizia e tinham medo de perguntar. “
Quanto mais penetramos na espinha dorsal das narrativas, mais incongruências encontramos como essa acima. Por que os discípulos teriam medo de perguntar sobre algo que não estavam entendendo? Não era Jesus, o grande rabi? Não era ele o mestre das parábolas?
Veja outra loucura sem tamanho, nessa outra passagem, pouco depois da transfiguração de Jesus. É dito ali que o entendimento da ressurreição de Jesus foi escondido dos discípulos para que não o entendessem e/ou compreendessem, porém, Jesus antes diz que eles deveriam se lembrar do que havia dito sobre sua ressurreição, além disso, para piorar, é dito também que eles tinham medo de perguntar.
Como os discípulos iam perguntar sobre algo que não entendiam e que lhes havia sido escondido entendê-lo? E mesmo que perguntassem, continuariam sem entender porque era parte do “plano” divino
“Enquanto todos se maravilhavam com tudo o que ele fazia, ele disse aos seus discípulos: Ouçam atentamente e lembrem-se destas palavras: O Filho do Homem será entregue às mãos dos homens. Mas não entenderam o que ele dizia. De fato, isso foi escondido deles para que não compreendessem, e tinham medo de lhe perguntar sobre essa declaração.” Lucas 9; 44,45
A mentira da ressurreição é tão grande que os evangelistas introduziram uma astuta e sutil linguagem subliminar de persuasão em seus textos. Ela aparece quando Tomé, o apóstolo incrédulo(não foi só Tome que era incrédulo, mas todos os seguidores de Jesus) diz não acreditar caso não ponha suas mãos sobre as chagas de Jesus. Em reposta é dito por Jesus que feliz é aquele não tendo visto nada disso, creria.
Consegue perceber?
É claro que ninguém que pensa e sabe interpretar textos acreditaria numa estória dessa, só pessoas menos pensantes levariam a sério uma estória dessa. A ideia aí é fazer com que os leitores apenas leiam e não questionem nada, apenas aceitem o que está escrito.
Para complementar, ainda há esse episódio, onde grifei o que considero relevante:
“ Então ele convocou os seus 12 discípulos e lhes deu autoridade sobre espíritos impuros, para os expulsarem e para curarem todo tipo de doenças e todo tipo de enfermidades.(…) Jesus enviou esses 12, dando-lhes as seguintes instruções: “Não se desviem para a estrada das nações e não entrem em cidade samaritana; mas, em vez disso, vão somente às ovelhas perdidas da casa de Israel. Ao irem, preguem, dizendo: ‘O Reino dos céus está próximo.’ Curem os doentes, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça, portanto deem de graças.” Mateus 10:1, 5-8
Por tudo que foi dito até agora, não dá para acreditar piamente nos relatos descritos na Bíblia, sobretudo, na crença da ressurreição dos mortos e na do próprio Jesus.
Vejam o absurdo que notamos no trecho de Mateus 10:1,5-8! Sim, os discípulos não só receberam autoridade para curar toda e qualquer enfermidade, mas também para ressuscitar mortos, no entanto, na contramão, eles mesmos não acreditavam na ressurreição de Jesus e nem dos mortos. E mais, por esse trecho, percebemos que toda aquela dramatização acerca da morte de Jesus era desnecessária, pois se eles tinham tal autoridade, porque não ressuscitaram seu mestre, em vez de ficarem chorando e murmurando?
Como é que você ressuscita pessoas e ao mesmo tempo não acredita na ressurreição?
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